O que é inflamação crônica e como ela afeta os cães
- Stephanie Lisieux
- 11 de ago.
- 4 min de leitura
Você provavelmente já ouviu falar que a inflamação é a raiz de muitas doenças, mas sabia que isso também vale para os cães?
A inflamação é uma resposta natural do corpo.
Ela é essencial para combater infecções, curar feridas e proteger o organismo, o problema começa quando essa resposta não se desliga. Quando se torna constante, silenciosa, crônica e passa a ser combustível para doenças degenerativas, dores e queda da qualidade de vida.

O que é inflamação crônica?
A inflamação aguda é fácil de reconhecer: vermelhidão, febre, inchaço ou dor após uma lesão ou infecção. Já a inflamação crônica é sorrateira. Ela acontece internamente, sem sintomas evidentes no início, e pode se manter ativa por meses ou anos.
“Muitos cães vivem com inflamação crônica por anos antes de desenvolver sintomas aparentes, e essa inflamação silenciosa acaba acelerando o envelhecimento, a obesidade, os problemas de pele e o aparecimento de tumores.” - (The Forever Dog)
Como a inflamação afeta o corpo do cão?
A inflamação crônica atua como um pequeno incêndio dentro do organismo, prejudicando tecidos, acelerando o envelhecimento celular e enfraquecendo o sistema imune. Com o tempo, isso se manifesta em sintomas que podem parecer comuns, mas que indicam desequilíbrio profundo.
Sinais comuns incluem:
Coceiras persistentes e alergias de pele
Otites frequentes
Gases, fezes pastosas ou instáveis
Ganho de peso sem aumento na alimentação
Queda de energia e apatia
Mau hálito
Dores articulares e dificuldade para se levantar
Esses sinais nem sempre são diagnosticados como inflamação crônica, mas ela costuma estar presente nos bastidores de cada um.
O que causa inflamação crônica nos cães?
Vários fatores contribuem, e eles estão ligados ao estilo de vida moderno:
1. Dieta ultraprocessada
Rações com excesso de amido, aditivos químicos, antioxidantes sintéticos e corantes artificiais geram um ambiente inflamatório. Mesmo rações “premium” podem conter ingredientes com alto potencial inflamatório, é importante saber identificar esses ingredientes na composição das rações (vamos ter um artigo aqui no Blog sobre esse assunto).
“A dieta moderna está cheia de ingredientes que os cães nunca encontrariam na natureza e que sobrecarregam o organismo dia após dia.” (The Forever Dog)
2. Sedentarismo e sobrepeso
O acúmulo de gordura, especialmente abdominal, gera substâncias que alimentam a inflamação no corpo. A falta de movimento reduz a circulação, o metabolismo e prejudica até o humor do cão.
3. Estresse crônico
Solidão, falta de estímulo, rotina monótona ou ambientes com tensão constante mantêm o cortisol (hormônio do estresse) elevado. Isso também é pró-inflamatório. O estresse intoxica o organismo porque faz com que o corpo produza toxinas em excesso de forma recorrente, dessa forma ele prejudica a imunidade, abrindo a porta para todo tipo de problema de saúde.
4. Desequilíbrio intestinal
O intestino é uma peça central na regulação da inflamação porque é por ele que tudo entra no organismo (nosso e dos cães), um intestino doente é igual a um animal cheio de problemas que normalmente não são imediatamente associados ao intestino e muito menos à dieta. Um cão com disbiose por exemplo (desequilíbrio das bactérias intestinais) terá dificuldade para combater inflamações e tende a desenvolver outros problemas com mais frequência, como problemas de pele, alergias e etc.
Longevidade sem inflamação: o que o livro ensina
Em The Forever Dog, Karen Becker e Rodney Habib mostram que longevidade não é sorte, é construção, e o controle da inflamação é uma das ferramentas mais importantes nesse processo.
“A maioria das doenças crônicas está associada a uma inflamação silenciosa provocada pelo estilo de vida moderno. Não é apenas o que o cão come, mas como ele vive. Dieta, estresse, sedentarismo e solidão são os grandes inimigos da longevidade.” - (The Forever Dog)
Os autores compartilham o caso de cães longevos como Bluey e Maggie (cães matusalém), que viviam em contato com a natureza, comiam alimentos reais, tinham liberdade de movimento e rotinas menos estressantes.
Esse contexto favorecia a redução natural da inflamação e o corpo deles agradecia.
Como ajudar seu cão na prática
Você não precisa mudar tudo de uma vez. O melhor é começar com o que é possível agora e aos poucos, fazer melhor, veja como:
Faça trocas inteligentes na alimentação:
Reduza petiscos ultraprocessados
Inclua alimentos frescos e funcionais como toppers (ovo, caldo de ossos, vegetais levemente cozidos) - mas muito cuidado com a quantidade, pois todo excesso causa desequilíbrio e o desequilíbrio nutricional também é muito prejudicial.
Evite alimentos com muitos aditivos ou conservantes artificiais (aprenda a ler rótulos e identificar na composição o que deve ser evitado a todo custo)
Estimule o movimento diário:
Caminhadas, brincadeiras, estímulos mentais
Enriquecimento ambiental com brinquedos interativos, roer seguro e exploração
Reduza o estresse:
Menos tempo sozinho
Rotina previsível e com tempo de qualidade ao lado do tutor
Toque, conversa, vínculo emocional
Cuide do intestino:
Alimentos com fibras boas (abóbora, cenoura cozida)
Iogurte natural ou kefir sem açúcar (em pequenas quantidades e com adaptação)
Água fresca e acesso livre ao longo do dia
Caldo de ossos (é incrível para cães e gatos)
Em resumo
A inflamação crônica pode estar silenciosamente minando a saúde do seu cão, mesmo antes de qualquer diagnóstico.
Mas com mudanças simples e conscientes, você pode virar esse jogo.
E o melhor de tudo: não precisa fazer isso com culpa, medo ou radicalismo.
“O melhor é sempre o melhor que você pode fazer agora. E sempre que possível, faça um pouco melhor.” - (The Forever Dog)
Se quiser continuar aprendendo com a gente sobre como prevenir inflamações, melhorar a saúde e aumentar a vitalidade do seu cão de forma prática e segura, acompanhe os próximos conteúdos do blog e do canal Cão com Ciência.
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