Como o intestino do seu cão controla a saúde e o comportamento dele
- Stephanie Lisieux
- 29 de jul.
- 5 min de leitura
(e como melhorar isso com alimentos funcionais)

Você já percebeu que, às vezes, o comportamento do seu cão muda sem explicação aparente?
Dias de inquietação ou apatia, irritabilidade, mudanças no apetite ou até mesmo um aumento repentino nas alergias e coceiras podem ter algo em comum: o intestino dele.
Pois é, o intestino não é só um órgão digestivo, é o principal centro regulador da saúde física, imunológica e até emocional do seu pet. Estudos recentes comprovam que cuidar do intestino é cuidar do corpo inteiro, inclusive do cérebro e comportamento.
No livro The Forever Dog, os autores destacam claramente:
“A saúde intestinal é a base da saúde geral. Inflamações intestinais não tratadas podem causar uma cascata de problemas pelo corpo todo, afetando até o comportamento do animal.”
Mas por que isso acontece? Vamos entender melhor.
O segundo cérebro: intestino e comportamento canino
Hoje sabemos que o intestino funciona como um "segundo cérebro" para humanos e cães. O intestino tem cerca de 500 milhões de neurônios (mais do que na medula espinhal!) que se comunicam diretamente com o cérebro principal. Essa comunicação é conhecida pela ciência como “eixo intestino-cérebro” (gut-brain axis).
Um estudo publicado no Frontiers in Veterinary Science (2021) mostrou que cães com problemas intestinais crônicos apresentam maior incidência de ansiedade, agressividade e comportamentos atípicos. Isso acontece porque o intestino inflamado envia sinais constantes de estresse para o cérebro.
Ou seja, um intestino em desequilíbrio significa também um cérebro desequilibrado.
Microbiota: a chave da imunidade e da saúde emocional do cão
A microbiota é a comunidade de trilhões de microrganismos que habitam o intestino. Essa população de bactérias boas (probióticas) é essencial para a digestão adequada, absorção de nutrientes e principalmente para a saúde imunológica.
Um estudo da Universidade da Califórnia (UC Davis, 2022) revelou que cães com uma microbiota intestinal equilibrada possuem níveis significativamente menores de inflamação sistêmica e problemas de comportamento relacionados ao estresse.
Trecho do livro The Forever Dog confirma isso de maneira clara:
“Probióticos e alimentos fermentados aumentam o número e a variedade de bactérias boas no intestino, ajudando o corpo a combater infecções, inflamações e reduzindo comportamentos associados à ansiedade.”
E a boa notícia é que você pode influenciar diretamente essa microbiota através da alimentação do seu cão.
Como identificar se o intestino do seu cão está em desequilíbrio?
Os sinais de alerta são claros, mas muitas vezes passam despercebidos
Observe se seu cão apresenta com frequência:
Gases excessivos e mau hálito constante
Diarreias ou fezes mal formadas frequentes
Alternância entre constipação e fezes amolecidas
Problemas dermatológicos persistentes (coceiras, dermatites, otites recorrentes)
Ansiedade exagerada, irritabilidade ou apatia fora do normal
Esses sinais podem indicar um desequilíbrio intestinal significativo.
Alimentos funcionais que ajudam o intestino canino
A melhor forma de equilibrar a microbiota e melhorar o funcionamento intestinal do seu cão é através de alimentos funcionais específicos, caso o problema seja crônico, é necessário fazer uma modulação intestinal prescrita por um veterinário que atenda essa especialidade.
Esse tratamento tem como objetivo reduzir a permeabilidade intestinal, que é quando a barreira do intestino se encontra fragilizada e se torna a porta de entrada para os mais diversos problemas de saúde.
Aqui estão os alimentos funcionais mais estudados e comprovados:
Probióticos naturais (kefir e iogurte natural sem açúcar)
São microrganismos vivos que, quando ingeridos, colonizam o intestino com bactérias boas. Um estudo publicado no Veterinary Microbiology (2019) demonstrou que cães que receberam probióticos naturais regularmente tiveram redução significativa de inflamações intestinais e melhora comportamental em casos de ansiedade.
Sugestão prática:
Uma colher pequena (sobremesa ou chá, dependendo do porte) de kefir ou iogurte natural sem açúcar três vezes na semana.
Prebióticos (fibras naturais)
São fibras especiais que alimentam as bactérias boas já presentes no intestino. Eles estão em alimentos como abóbora, cenoura cozida, batata-doce, maçã e aveia integral. Um estudo da Universidade do Colorado (2021) mostrou que cães que consumiam alimentos ricos em fibras prebióticas tinham microbiotas mais equilibradas, com melhora significativa na digestão e redução de inflamações.
Sugestão prática:
Uma colher de purê de abóbora ou cenoura cozida duas ou três vezes por semana misturada ao alimento diário.
Alimentos fermentados
Vegetais fermentados naturalmente, como chucrute sem temperos, também são uma poderosa fonte de probióticos naturais. Um estudo no Journal of Animal Physiology and Animal Nutrition (2020) revelou que cães alimentados com vegetais fermentados tiveram melhora expressiva na saúde intestinal e redução de alergias crônicas.
Sugestão prática:
Pequena porção (uma colher rasa de chá para cães pequenos, sobremesa para cães grandes) duas vezes por semana no prato habitual.
Caldo de ossos caseiro (colágeno natural)
Rico em colágeno e minerais que ajudam a regenerar as paredes intestinais e reduzir inflamações. O livro destaca essa prática:
“O caldo de ossos fornece compostos essenciais como glicina e prolina, fundamentais para a saúde intestinal e imunológica do cão.”
Sugestão prática:
Duas colheres (sopa) de caldo de ossos caseiro 4 a 7 vezes por semana.
Evitando os inimigos intestinais: atenção à dieta inflamatória
Ao mesmo tempo que é importante incluir alimentos que nutrem o intestino, é essencial reduzir ou eliminar alimentos que causam inflamações e desequilíbrio da microbiota.
Entre eles estão:
Carboidratos refinados e grãos altamente processados
Conservantes químicos artificiais presentes nas rações e ultraprocessados (BHA, BHT, etoxiquina)
Corantes sintéticos e aromatizantes químicos
O estudo DogRisk da Universidade de Helsinque revelou claramente que cães com dietas altamente processadas tinham microbiotas mais pobres e maiores níveis de inflamações intestinais crônicas.
Resultados práticos que você pode esperar rapidamente
Ao começar a cuidar do intestino do seu cão com pequenas mudanças alimentares, espere perceber em pouco tempo:
Melhora expressiva na consistência e odor das fezes
Redução de coceiras, alergias e problemas dermatológicos
Cão mais calmo, equilibrado e menos ansioso
Redução da irritabilidade e melhora na disposição geral
O melhor: esses alimentos também cuidam de você!
Como vimos em outros artigos, o intestino humano funciona de forma muito semelhante, os mesmos alimentos funcionais são benéficos também para pessoas.
Um estudo da Universidade de Oxford (2021) confirmou que dietas ricas em probióticos e prebióticos reduzem significativamente marcadores inflamatórios e ansiedade em humanos.
Então, enquanto você cuida da saúde intestinal do seu cão, aproveite para cuidar da sua também.
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Cuidar do intestino é cuidar do corpo inteiro.
E agora você já sabe exatamente como começar a fazer isso pelo pratinho do seu cão!
📚 Este conteúdo faz parte da série baseada no livro The Forever Dog que estamos escrevendo aqui no nosso blog
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Cuidar do seu cão pode ser o primeiro passo para cuidar melhor de você também.
Amei a informação,super acessível e de fácil entendimento, parabéns pelo artigo!!