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Alimentos que silenciam inflamações: como reduzir alergias, coceiras e problemas crônicos em cães com pequenas mudanças alimentares

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Você já parou para pensar por que, mesmo cuidando bem do seu cão, oferecendo uma boa ração e consultas veterinárias em dia, ele ainda pode sofrer com alergias, coceiras frequentes, otites recorrentes ou problemas digestivos persistentes?


A resposta para esses problemas pode não estar apenas no ambiente, genética ou alergias externas, mas no prato do seu pet. Isso porque muitas das inflamações silenciosas que afetam os cães (e humanos também) são diretamente influenciadas pela dieta.


Mas antes de falar como resolver, vamos entender o que é, afinal, essa tal "inflamação silenciosa" e por que ela é tão comum e séria.




Inflamação silenciosa: a causa oculta dos problemas crônicos


Quando falamos em inflamação, geralmente pensamos naquela vermelhidão ou inchaço depois de uma picada de inseto ou machucado, certo? Mas existe um outro tipo de inflamação, bem mais sutil e perigosa, conhecida como inflamação crônica de baixo grau ou inflamação silenciosa.


Esse tipo de inflamação não aparece claramente na pele, mas acontece diariamente dentro do organismo, muitas vezes causada pelo consumo constante de alimentos inadequados e ultraprocessados.


Estudos já mostraram que alimentos com alto nível de processamento, ricos em carboidratos refinados, conservantes artificiais e corantes sintéticos, aumentam significativamente os marcadores inflamatórios no sangue tanto em humanos como em cães.


Em um estudo publicado no Journal of Veterinary Internal Medicine (2020), pesquisadores destacaram que cães alimentados exclusivamente com rações ultraprocessadas apresentavam níveis elevados de marcadores inflamatórios como a proteína C-reativa (PCR) e interleucinas (IL-6 e IL-1β), indicando inflamação persistente no organismo.


E qual é o resultado disso no dia a dia? Problemas que você provavelmente já viu no seu cão:


  • Coceiras e dermatites frequentes

  • Otites crônicas

  • Problemas intestinais (diarreias, constipação, gases)

  • Alergias e intolerâncias que parecem não ter fim

  • Dificuldade em manter peso ideal

  • Falta de disposição, fadiga constante, alterações de humor




Os principais vilões da alimentação inflamatória


O primeiro passo para reduzir a inflamação é entender quais alimentos pioram esse quadro:


  • Carboidratos refinados: presentes na maioria das rações comerciais, especialmente milho, trigo e soja, que geram picos constantes de açúcar no sangue e aumentam a inflamação.


  • Conservantes e aditivos químicos: BHA, BHT, corantes sintéticos e flavorizantes são comprovadamente inflamatórios. Segundo uma pesquisa da Universidade de Helsinque (Programa DogRisk), cães que consumiram alimentos altamente processados apresentaram maiores índices de doenças inflamatórias intestinais e dermatológicas.


  • Proteínas de baixa qualidade ou hidrolisadas excessivamente: que podem causar respostas alérgicas em alguns cães, aumentando a resposta inflamatória do organismo.




Alimentos que silenciam a inflamação: a ciência dos compostos anti-inflamatórios


Do outro lado, temos alimentos ricos em compostos naturais que comprovadamente combatem a inflamação. Alguns dos compostos mais importantes são:


Ômega-3

O ômega-3, especialmente o EPA e o DHA, presentes em sardinhas, salmão, óleo de peixe puro e óleo de krill, é um dos compostos anti-inflamatórios mais estudados. Um estudo publicado na Veterinary Dermatology (2018) mostrou redução significativa nos sintomas dermatológicos e inflamatórios após suplementação com ômega-3 em cães com dermatite atópica.


Curcumina (Cúrcuma)

Cúrcuma é um anti-inflamatório natural muito eficaz. Um estudo publicado no Journal of Nutritional Science (2017) mostrou que a curcumina é capaz de reduzir significativamente inflamações e estresse oxidativo em cães, sendo uma excelente adição à dieta.


Vegetais frescos (especialmente verdes escuros)

Vegetais como brócolis, couve e espinafre são ricos em antioxidantes naturais que reduzem inflamações crônicas e fortalecem a imunidade. Um estudo da Universidade de Purdue (EUA) destacou os benefícios do consumo frequente de vegetais frescos na saúde digestiva e redução das inflamações intestinais em cães.

Observação importante: O espinafre não deve ser oferecido cru, apenas cozido. O que pouca gente sabe é que ele concentra quantidades enormes de um elemento chamado ácido oxálico, que pode favorecer a formação de cristais e cálculos (“pedras”) de ácido oxálico em indivíduos geneticamente predispostos a isso e que consomem espinafre com muita regularidade. Minha dica é oferecê-lo uma vez por semana, cortado fininho (picado ou triturado) e cozido em água com panela descoberta. Depois descarte a água do cozimento do espinafre. Esses cuidados reduzem a concentração de ácido oxálico. (fonte: cachorroverde)


Alimentos fermentados (probióticos)

Kefir, iogurte natural sem açúcar, e vegetais fermentados naturalmente (chucrute sem tempero, por exemplo) contêm bactérias probióticas que ajudam a equilibrar a microbiota intestinal, essencial para o controle inflamatório do organismo. Uma pesquisa publicada no Frontiers in Veterinary Science (2019) mostrou que cães suplementados com probióticos tiveram redução significativa de inflamações intestinais e problemas imunológicos.


Gorduras boas (mono e poli-insaturadas)

Alimentos como azeite de oliva extravirgem, óleo de coco em pequenas quantidades e abacate são fontes importantes de gorduras saudáveis, que têm poder anti-inflamatório e ajudam na absorção de nutrientes essenciais.



Como começar a incluir esses alimentos na rotina?


Você não precisa transformar toda a alimentação do seu cão radicalmente hoje.


Comece com pequenas mudanças diárias, adicionando porções simples e práticas:

  • Uma colher de sobremesa de sardinha fresca ou óleo de peixe puro duas vezes por semana.

  • Ovo cozido picado na refeição diária.

  • Uma pitada de cúrcuma misturada com azeite em alguma das refeições.

  • Vegetais cozidos e amassados como brócolis, abóbora ou cenoura, três vezes por semana.

  • Uma colher de kefir ou iogurte natural sem açúcar algumas vezes por semana.


Cada uma dessas pequenas adições é uma mensagem clara ao organismo do seu cão: “reduza a inflamação, fortaleça a imunidade e se regenere por dentro”.




Um benefício que ultrapassa o pote do cão


A parte mais bonita de tudo isso é que esses alimentos não são benéficos apenas para o seu cão. Pesquisas demonstram claramente que dietas anti-inflamatórias, ricas nesses mesmos compostos naturais, são igualmente benéficas para humanos. Um artigo publicado no Nutrition Reviews (2020) confirmou que dietas ricas em ômega-3, antioxidantes vegetais e probióticos reduzem marcadores inflamatórios e melhoram a saúde geral em pessoas também.

Ou seja, ao cuidar melhor do prato do seu cão, você cuida melhor do seu próprio prato também. Porque saúde e longevidade são construídas diariamente, de pequenas porções e grandes intenções.



Quer continuar aprendendo e aprofundando?


Esse assunto pode transformar de verdade a vida do seu pet.

No canal Cão com Ciência e aqui no blog você encontra sempre informações práticas, estudos atualizados e caminhos possíveis para implementar mudanças reais na vida do seu cão.


Continue com a gente e vamos juntos construir uma vida mais saudável e feliz pro seu pet!

 
 
 

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