Rejuvenescendo pela comida: o que The Forever Dog revela sobre nutrição, longevidade e escolhas possíveis
- Stephanie Lisieux
- 16 de jun.
- 4 min de leitura
Atualizado: 21 de jul.
Você é aquilo que você come – literalmente; é possível escolher de que se é feito. – Anônimo

Todo mundo tem um médico dentro de si; só é preciso ajudá-lo em seu trabalho. – Hipócrates
Quando falamos sobre saúde e longevidade, raramente associamos a alimentação como a principal intervenção possível. No entanto, no livro The Forever Dog, os autores Karen Becker e Rodney Habib propõem um olhar profundo sobre a dieta dos cães como um dos fatores mais impactantes – e acessíveis – na prevenção de doenças, promoção do bem-estar e extensão da vida.
Não se trata de uma defesa simplista contra as rações, mas de uma análise robusta baseada em ciência, observação ancestral e em centenas de estudos que apontam para algo que, no fundo, já sabemos: o que comemos – e o que damos de comer – molda profundamente nossa biologia.
Comida como epigenética: instruções para o corpo, não apenas energia
Ao contrário da visão tradicional que trata a comida como uma soma de calorias e nutrientes, The Forever Dog apresenta a alimentação como um agente epigenético — capaz de modificar a expressão gênica ao longo do tempo.
“A comida que oferecemos diariamente ao nosso cão atua como uma mensagem direta ao corpo dele. Ela pode gerar equilíbrio ou desregulação.” (Trecho adaptado do livro)
Essa perspectiva muda completamente o debate: não se trata de qual marca é melhor ou pior, mas de entender que há comidas que ensinam o corpo a curar, e outras que criam um ambiente de inflamação silenciosa e crônica.
Os cães Matusalém: o que podemos aprender com Bluey e Maggie
O livro inicia com dois casos emblemáticos: Bluey, um blue heeler que viveu 25 anos, e Maggie, uma kelpie australiana que chegou aos 30. Ambos moravam em fazendas, com acesso a espaços abertos, atividades físicas regulares, baixo estresse e dietas naturais compostas por alimentos crus e frescos.
A exceção, aqui, não é o número de anos vividos, mas a convergência de fatores de estilo de vida e alimentação. Não é sobre longevidade milagrosa, mas sobre consistência em rotinas saudáveis.
“Cães de raças mistas que vivem mais de 22 anos são considerados Matusalém. Mas o mais importante é que a maioria dos cães morre mais cedo por causas evitáveis.” (p. 56)
Nem todo alimento processado é igual – e isso importa
Becker e Habib não propõem que todos os tutores abandonem completamente as rações. O ponto central do livro é entender graus de processamento, e como eles impactam o organismo:
Tipo de alimento | Características |
Minimamente processado | Alimentos crus, cozidos levemente, desidratados, frescos |
Processado | Aquecido uma vez, com alguma perda nutricional |
Ultraprocessado | Várias etapas de aquecimento e adição de aditivos |
Segundo os autores, a maioria das rações secas comerciais se enquadra no último grupo. Isso não torna a ração um vilão — torna o contexto importante. Se o cão vive em ambiente estressante, sedentário, com predisposição genética, cada detalhe ganha peso.
Carboidratos, saciedade e inflamação silenciosa
O livro aborda com profundidade o impacto dos carboidratos simples e refinados. Cães são biologicamente adaptados a uma dieta rica em proteínas e gorduras boas, e não possuem necessidade fisiológica de carboidratos. Isso não significa que todo carboidrato é ruim — mas sim que a qualidade e a quantidade importam.
“A maioria das rações é rica em amido. Estudos mostram que, após uma refeição seca rica em carboidrato, a glicemia dos cães permanece elevada por até oito horas.” (p. 97)
Essa elevação sustentada da glicose promove um estado inflamatório contínuo — o mesmo que, em humanos, está associado a doenças crônicas como obesidade, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares.
Nem toda mudança precisa ser radical – mas toda melhoria conta
O livro reconhece: a dieta perfeita pode não ser possível para todos. O acesso, o orçamento, a rotina, o conhecimento técnico... tudo isso pesa. Mas os autores insistem: pequenas mudanças já geram impacto.
Algumas sugestões do próprio livro:
Oferecer ovos cozidos, frutas seguras ou kefir como petiscos naturais.
Adicionar alimentos frescos à ração, como sardinha em água, cúrcuma, ou vegetais levemente cozidos.
Praticar o que eles chamam de “mini jejum” ou redução da frequência alimentar, quando indicado.
“Comer melhor, comer menos e com menos frequência.” (capítulo sobre dieta da longevidade)
Alimentação também afeta comportamento, sono e cognição
O livro explica isso pela regulação dos níveis de cortisol, do eixo intestino-cérebro, e da redução de inflamações sistêmicas — que afetam inclusive o sistema nervoso.
E quanto aos erros em dietas naturais?
O livro não ignora os riscos. Pelo contrário: adverte com clareza que uma dieta caseira mal formulada pode causar deficiências sérias, como hiperparatireoidismo nutricional secundário (causado por falta de cálcio), sobrecarga renal por excesso de fósforo ou deficiências de vitaminas do complexo B.
Por isso, os autores recomendam que toda transição seja baseada em conhecimento técnico e, preferencialmente, com acompanhamento profissional. Não é uma proposta de moda — é ciência aplicada.
Conclusão: o melhor que você pode fazer é sempre o melhor que pode
The Forever Dog não propõe um único caminho. Propõe consciência. Cada pequeno ajuste na alimentação do seu cão pode representar mais vitalidade, menos inflamação, e mais anos juntos.
A alimentação perfeita pode não ser possível todos os dias — mas toda pequena melhoria importa. E sempre que você puder, faça um pouco melhor.
Alimentar melhor é uma construção. E cada pequena escolha, cada adição consciente de alimentos naturais ao potinho, representa um passo real em direção a uma vida mais longa, saudável e feliz para os nossos cães.
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